domingo, 12 de setembro de 2010



ANTÓNIO SOUSA , 40 ANOS A TOCAR BATERIA

Sendo a vida uma mera passagem do ser humano que tanto pode ser longa como breve , conseguir ser quarenta anos dedicados a uma causa é obra ; a personagem em si tem em comum com a minha pessoa uma carreira dedicada a um grupo musical “ THE SPECULUM “há quase 30 anos e uma amizade de mais de 35 anos , que alternou por bons e maus momentos , mas que resistiram até aos dias de hoje desde o ano de 1976 em que se tornou como baterista efectivo do grupo.

A sua iniciação na musica começou no ido ano de 1968 com a cumplicidade de alguns amigos de então , quando resolveram formar o conjunto “ VARIAÇÃO “ , um grupo sem experiência mas com muita vontade de mostrar serviço , onde foram capazes de construírem os seu próprios instrumentos sonoros e sem conhecimentos técnicos construir a sua própria bateria , embalados no sonho duma geração cujo o ícone mundial eram os Beatles e em Portugal os Antonios Calvários , os bailes no salão e ser-se diferente com irreverência .

Dessa fornada surgiram : Manuel António Rocha ,Manuel Silva , Joaquim Rosas , Lino Brás , Fernando Norte , Quim Francês e o nosso António Sousa , ao qual o alcunharam de “ Peia “, que na verdade seria o seu baptismo para a carreira de baterista …

Então quem é o nosso anfitrião ?

De nome , António Ferreira de Sousa , filho de uma velha lenda da guitarra dos tempos das tunas e sobrinho do eterno Aires de Sousa , saiu desta urbe como mais um musico fadado para a arte musical , mas que ao contrário dos seus progenitores , dedicou-se á arte de baterista . Quando estava a ficar mestre da bateria , o espectro da altura, o serviço militar nas províncias ultramarinas, talhou-lhe a carreira e aos restantes colegas , calhando-lhe a fava de ser mobilizado para a Guiné onde esteve durante 26 meses ; mas o que parecia ser uma desgraça acabou por ser um dos melhores momentos da sua vida , apesar de considerar que a tropa o marcou negativamente a sua vida . Foi mobilizado como soldado transmissor e quis o destino que ao chegar a Bissau a Messe de Oficiais precisava de um baterista para o grupo de animação , e não é que o nosso anfitrião cumpriria o seu serviço militar como musico e não como militar ? Um sortudo , pois a vida é feita destas situações , quando lhe apareceu a sorte não a enjeitou , mas o tempo que passou nessa terra marcá-lo-ia para sempre , por diversas razões : a perda de alguns amigos , a juventude mal vivida e o facto de ser contra a guerra tornou-o num irreverente lutador contra o que definia de ditadura colonial . Quando aconteceu o 25 de Abril regressou ansioso por recomeçar uma nova vida , regressando ao Grupo Folclorico onde era dançarino e no qual conheceria a futura esposa , Maria Conceição , permitindo –lhes a possibilidades de percorrer meia Europa e em certa forma esquecer os dois anos em Africa. Entretanto dedica-se ao oficio de serralheiro , profissão que ainda exerce por conta própria com o seu irmão Lino , facto que lhe permitiu ter um certo desafogo na vida , á qual refere que trabalhou muito para o conseguir.

Em 1976 é recrutado, por indicação do Manuel Silva , para baterista do grupo “ Speculum “, cuja a formação era constituída por : Eduardo Rocha , Manuel Silva ,Carlos Reis , Fernando Rocha ; rapidamente se adaptou ao estilo folk-country que o grupo musicava , tornando-se a partir de então no único baterista que o grupo teve , mantendo-se no posto há já trinta anos , onde entre entradas e saídas , manteve juntamente comigo , a trave mestra da banda , numa cumplicidade da qual se orgulha nas muitas actuações , onde o grupo manteve fiel ao seu estilo e que ainda vai actuando com alguma regularidade , faltando somente como pecha a não gravação dum disco com os originais da banda.

Tem como hobbye o gosto pelas motos onde é um motard com visitas regulares a Espanha e ás concentrações por este País fora , onde possibilitou que o grupo tivesse sido convidado para algumas actuações ao vivo. Dos muitos talentos naturais também foi um actor de teatro no Cirac onde desempenhou algumas comédias , mas que considera que era engraçado mas não caiu em graça , terminando precocemente a carreira de actor .

Um segredo que guarda secretamente e a poucos divulgado , teve sempre um sonho de se tornar Musico Professional , mas desencantado afirma que este País é um verdadeiro cemitério de músicos , onde quem tem cunhas e padrinhos sobrevive, mas não está arrependido de ter optado pela vida que seguiu pois este permitiu-lhe um certo desafogo e de ter realizado grande parte dos seus desejos.

Haveria muito mais para ser relatado mas como costuma dizer diversas vezes , fê-lo sempre por um modo de vida e não por querer ser importante ou notado , por isso orgulhosamente afirma , que o grupo Speculum foi a maior academia de formação de músicos da terra e uma verdadeira escola de instrumentistas.

a historia dum grupo

Animação do arraial 2010 - Speculum domingo dia 29 de Agosto

Domingo 29 de Agosto de 2010 a banda Brandoense “The Speculum Band“ tocará pelas 22 horas no palco do Arraial, incluído no programa de Animação do Parque, na altura em que festeja os seus 35 anos de existência. São três dezenas e meia de anos que colocam esta banda numa das mais respeitadas na música portuguesa, cujo projecto esteve, e estará, fixada em duas pessoas que desde a sua fundação estiveram no grupo, assistindo a entrada e saída de músicos, mas a essência manteve-se na persistência e na abnegação dum sonho ainda vivo. A formação actual está reduzida a quarteto, que executa os BLUES e o FOLK como se o amanhã acabasse, sempre em temas

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

a historia dum grupo


Decorria o ano de 1974 quando um grupo de jovens Brandoenses eivaram a ideia de formarem um grupo musical, como factor motivador do gosto que a juventude de então nutria pela música rock. Ainda no ano de 1972 fora dada a primeira tentativa de formação dum grupo musical com a aquisição de uma aparelhagem e com a denominação de <> cuja formação tinha nas suas fileiras alguns elementos que estariam na fundação, refiro-me ao Beto e ao Inácio. Quanto aos <> era constituído por:
Carlos Alberto Reis (guitarra), Inácio Ferreira (1956-2002 - bateria), Antenor (órgão) e Silvério (baixo), duraram pouco mais de 1 ano mas seriam o grande aglutinador para os futuros grupos da nossa terra. Por se tratar dum grupo polémico e ser um dos primeiros grupos de Hard Rock na região, não sendo compreendidos acabaram sem apoios. Com a chegada do Manuel Silva de Timor, onde cumprira o serviço militar, incentivados com o fenómeno da criação da Academia de Música da Tuna Musical, o grupo nasce como por acaso num serão no saudoso clube do Best na Estação, onde se encontravam: Manuel Silva, Eduardo Rocha, Joaquim Santos e o Best, cuja formação entre Outubro e Dezembro de 1974 iniciaram ensaios no dito clube.
Em Janeiro de 1975 dá-se a saída de Quim Santos e entram para a banda o Carlos Reis e o Fernando Augusto Rocha, cuja formação iniciou o período de composição. Em Agosto de 1975 o grupo apresentou-se ao vivo no Festival de Música da Tuna, constituído por: Eduardo Rocha, voz e harmónica, Carlos Reis, baixo, Manuel Silva na guitarra e Fernando Rocha na flauta. Em Setembro entra para a bateria o Inácio Ferreira, sendo que esta formação duraria até Maio de 1976, com actuações regulares na região e com ideia fixa de uma gravação dum álbum, enraizando o estilo de <>, que dificultou ter auxilio financeiro na gravação do disco, pois era um estilo não comercial, por isso morreu no seu inicio, eram outros tempos.

Talvez um pouco desmotivado dá-se a saída do Inácio e entra para a bateria o eterno António Sousa, cuja presença faz os 30 anos de continuidade no lugar e parceiro do Eduardo como os baluartes da banda. Muita coisa aconteceu desde então, com entradas e saídas de músicos, na qual passou mais de duas dezenas de executantes e reforçaram o nome da banda, respeitada e uma das pioneiras no género no país, orgulho que acompanha a todos que por ele passaram. Voltando ao grupo, a banda está dividida por varias fases que integram os períodos :
1975 - 1977 - folk
1977 -1982 - rock, folk
1982 -1991 - country, folk
1991 - 2005 - blues, rock e country folk
Entre os anos
1980 e 1984 - F.M
1982 - 1986 - Roda livre

De 1975 a 1977 o grupo era constituído por: Eduardo Rocha - voz, Carlos Alberto - baixo, António Sousa - bateria, Manuel silva - guitarras, Januário Silva - violino e Aires de Sousa - violino.
Durante este período o Fernando Rocha saiu do grupo para formar os grupos “ETERNUS“ e os “EGIPTIAN CROSS“, grupos dentro do jazz e de musica de fusão, onde se encontravam Arménio Mota - teclas, Inácio Ferreira - bateria, Best - percussões, António Reis - flauta, mas nunca deixou de colaborar com a banda, numa relação que dura até aos dias de hoje.

De 1977 a 1982 tornou-se a fase menos expansiva da banda, porque nesse período esteve ausente o vocalista Eduardo Rocha no serviço militar (77/78), depois de Agosto de 78 tornou-se vocalista do grupo espinhense "Complexo 4" até Agosto de 79, emigrando para França até Janeiro de 80 , regressando para formar com o Fernando Rocha e Manuel Silva, o grupo "FM", após convite da velha gloria Zé Manuel Couto, no qual gravou entre 1980 e 1984, 2 singles e 1 álbum (Procurem da Sara), sendo este período o de maior fulgor com imensas actuações, onde não podem ser esquecidas as presenças de Orlando Bandeira - bateria, Vasco António - teclas, Zé Menezes - sax, Henrique Dias - trombone, Jorge Salgado - flauta, que em muito contribuíram para tal desiderato.

Em simultâneo com este projecto, nasceu em 1983, o grupo "RODALIVRE", em que teve no seu elenco o Osvaldo Ferreira - violino, Januário Silva - bandolim e violino, Fernando Silva - guitarra, Manuel Silva - guitarra e baixo, Neca - bateria e Eduardo Rocha na voz e harmónica, cujo projecto merecia ter sido mais apoiado mas que acabaria em 1984 por desacordo quanto ao estilo a seguir entre os seus músicos. Conduziu á saída de alguns elementos e por isso ao fim da banda.
Com o fim dos "FM" em 1984, o grupo "Speculum" renasceu das cinzas com a entrada do Fernando Silva para a guitarra, onde o grupo virou definitivamente na linha Country e Folk, que resultaria num período de consolidação da banda na região, mas que resultaria na saída do Beto das lides musicais e por conseguinte na dissolução da banda em 1986.
Foi preciso esperar pelo ano de 1991 para o ressurgimento da banda com a entrada de novos valores , onde se sobressaem os nomes de Rui Sousa - guitarra, Rui Moura - baixo, Lino Carvalho - violino, entre outros, em que vieram contribuir para o melhor período da banda, que mantinha no elenco ainda três fundadores: Manuel Silva, António Sousa e Eduardo Rocha, dando a esta banda 5 anos de fulgor que contribuiu para mais de 30 actuações ao vivo, em bares e eventos.
Em 1996 é o ano da mudança , ano em que o Rui Sousa e o Rui Moura , formam os "Watchtower" e dá-se as entradas de André Nascimento - guitarra e de Paulo Tico - baixo, onde o grupo envereda pelos Blues e Rock, deixando a linha acústica, mantendo esta formação 10 anos consecutivos.

Hoje, em 2010 a "Fénix" renasceu com o fantástico aniversário de 35 anos de idade. Os velhos acústicos uniram-se pela causa das raízes da fundação. Está no activo o velho "Speculum"que está neste momento a preparar a sua tour de verão com os velhos mas sempre actuais hinos de outrora.
Mais do que um grupo a banda é já uma instituição que albergou no seu interior dezenas de músicos locais, construiu o seu próprio estilo , imagem respeitada por ordem tocou e continua ao fim de 35 anos a tocar, tudo pelo gosto da musica…
É imenso o espólio de composições da banda que se cifra em mais de 50 canções, onde o estilo pessoal resistiu com o passar do tempo, pois a sua musica é intemporal, alicerçado num campo onde no nosso País poucos grupos tentaram executar, tornando por isso precursores e originais.
Na actualidade o grupo é formado por: António Sousa: bateria, Ricardo Duarte: guitarra e baixo, Rui Sousa: guitarra e baixo e Eduardo Rocha: voz e harmónicas.

Bardo da Lira